domingo, 5 de setembro de 2010

DUNGA PARA SERRA: POR QUE ESTÁ PREOCUPADO COMIGO?

Dunga
Dunga para Serra: Por que está preocupado comigo?
Uma eleição se parece com um jogo de futebol. Com duas diferenças: vale impedimento e canelada pode contar a favor.
José Serra não vem conseguindo dar passes certos no meio do campo. Apesar disso, considera-se, por assim dizer, um Pelé.
Há três dias, a marquetagem de Serra levou ao rádio uma propaganda curiosa. Nela, o locutor soou assim: "O Serra tem experiência...”
“...É um craque para governar o Brasil. A Dilma não. É que nem o Dunga. Nunca foi técnico de nenhum time, foi para a seleção e deu no que deu".
Ao tomar conhecimento da peça, Dunga reagiu como um zagueiro de time de várzea. Não teve dúvida. Foi à canela:
“É só ver os meus resultados e comparar”, disse o ex-técnico do escrete.
“Quando eu fui campeão da Copa América e da Copa das Confederações, ele me elogiou. Agora, critica. Talvez ele esteja desesperado”.
“Acho que ele deveria assumir os seus defeitos para depois achar defeito nos outros”.
Para Dunga, Serra faria um bem a si mesmo se olhasse ao redor antes de tentar extrair dividendos eleitorais da tragédia da África do Sul:
“São Paulo não tem problema? Alaga mais que Veneza, ônibus são incendiados todos os dias...”
“...Só o fato de São Paulo ter decidido na última hora o estádio da Copa já diz tudo. Por que ele está preocupado comigo?”
Dunga prefere comparar sua inexperiência à de outro jogador. Um azougue, que deixou Serra zonzo em campo:
“O Lula também não tinha experiência e tem 80% de popularidade. Ele está fazendo o que os outros não fizeram em cem anos”.Ele enxerga na campanha da antagonista de Serra um quê de favoritismo: “Dilma pode ser a primeira mulher presidente do Brasil”.
Acha que, quando o jogo aperta, Serra amarela: “Quando o Brasil precisou da Dilma ela não fugiu, lutou aqui pela democracia. Alguns correram”.
Por um segundo, Dunga soa como se compreendesse o lance da campanha de Serra.
“Para mim, isso é natural”, diz ele, referindo-se à maneira como seu nome foi mencionado na propaganda radiofônica do tucanato.
Em seguida, retoma o estilo que lhe é próprio: “Se eles falassem o que deixaram de fazer seria melhor para o eleitor escolher”.
Aqui, uma terceira diferença entre eleição e futebol. Na campanha política não há um juiz, mas de 136 milhões.
A arquibancada acumula as funções de torcida e de dona do apito. Expulsa do jogo quem bem entende, sem qualquer explicação.
Tomado pelo que disse, Dunga já vê Serra no vestiário, tomando uma chuveirada antes do término do primeiro tempo.
Por Joulle.